sexta-feira, 13 de junho de 2014

E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto – Rubem Fonseca

Rubem Fonseca E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto capaAutor: Rubem Fonseca 

Editora: Nova Fronteira
Edição: 2 

Ano: 2012 
Páginas: 200



Sobre: Assim como o criminoso sempre volta ao local do crime, Rubem Fonseca retorna a personagens de romances anteriores. Neste volume, reencontramos o escritor Gustavo Flávio, de Bufo & Spallanzani, um permanente suspeito de assassinato graças ao acaso e ao seu apetite compulsivo por mulheres que tendem a morrer em circunstâncias misteriosas. Para ajudá-lo a se desenredar de seus espantosos tormentos, Gustavo busca o auxílio do advogado Mandrake, que conhecemos de "A Grande Arte", com quem compartilha, além dos apetites eróticos, uma refinada paixão por charutos.


Crime, tabaco, mulheres, sexo e crimes passionais. Embora esses sejam o pontos-chaves da novela de Rubem Fonseca, não se trata apenas disso. Seu principal assunto é a crise do romance e sua decorrente inapetência criativa.

O escritor Gustavo Flávio, presente em outras histórias do autor, reaparece recebendo fotos de suas ex-mulheres pelo correio, mulheres que acabam sendo mortas. Caberá a Mandrake, um advogado criminalista, esmiuçar o mistério. Sob esse roteiro desenvolve-se o texto, numa sequência de cartas e depoimentos gravados por Mandrake.

Longas digressões sobre o ato de escrever, a mercantilização da literatura e a predominância da lógica do lucro no merco editorial pontuam a narrativa  - sem nenhuma relação funcional com ela, porém com o velho e bom truque do autor projetar suas opiniões colocando-as na boca dos personagens.

O destino normal do leitor fanático é se transformar num escritor. Na verdade, todo leitor e qualquer leitor reescreve o livro que lê durante o processo de leitura.” Pág. 100

Como Cristovão Tezza diz no posfácio, “resulta paradoxalmente numa narrativa irresistível, livre, solta, saborosa [...] o leitor parece sentir em cada linha o mesmo prazer que o autor sentiu escrevendo seu texto”.

DIAGRAMAÇÃO

Impecável. A identidade visual dessa e todas as obras do autor publicadas pela Nova Fronteira seguem um padrão – o qual é muito tentador, diga-se de passagem. A capa é maravilhosa; o tamanho da fonte e espaçamento são confortáveis para a leitura e as folhas amarelas dão o toque final a edição.

COMENTÁRIOS

Esse é um livro que prende logo com o primeiro parágrafo, quiçá com a primeira frase. O tom de mistério e a fluidez do texto faz com que não tenhamos vontade de largar a história. O que mais prende não é confecção de uma trama bem elaborada mas sim o jeito como ela é cerzida; como o cotidiano  de personagens ordinários pode ser instigador e uma narração simples pode se transformar em esplêndida.

Mesmo abordando personagens de outrora, não é obrigatório a leitura de livros anteriores, faz-se menção a alguns conflitos mal resolvidos do passado, mas que não interferem durante esta leitura, pelo contrário, atiçam a curiosidade para saber mais dessas histórias envolvendo Mandrake.

EXCELENTE / FAVORITO

QUOTE / CITAÇÃO

“Mas para não ser chamado de romântico ingênuo, admito que o amor pode ser em alguns casos, apenas uma válvula de escape, certas pessoas casadas, mesmo quando têm a maior liberdade, sentem-se numa prisão e os grilhões têm um nome, cotidiano. Os cônjuges, por mais imaginação que tenham, não conseguem fugir do desgaste resultante da manutenção da ordem, do tédio causado pela repetição das coisas que não se movem....” Pág. 48

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